Meus pais não tinham o hábito de ler, muito menos contar histórias para mim, por isso ficava fascinada quando minha vizinha e amiguinha contava histórias que ouvia na escola ou de sua avó. Não via a hora de entrar para a escola para ouvir mais histórias.
Demorou, mas o primeiro dia de aula chegou. Imaginem, em 1976, eu tive uma professora, a dona Lúcia, estilo professora Helena da novelinha Carrossel. Era novinha, muito boazinha e com uma voz adocicada. Ela me recebeu, ou melhor, recebeu os alunos lendo o livro O burro falante. Eu estava na sala, mas parecia que estava no livro, dentro da história. Essa leitura me deixou mais ansiosa para aprender a ler. Dona Lúcia disse que, ao dominarmos a leitura, leríamos muito, pois montaríamos uma biblioteca circulante.
Não sei a data precisamente, mas foi no segundo semestre que a professora pediu que os pais comprassem três livros para a biblioteca. Meu pai comprou O batizado do Pato Bolé , O gigante preguiçoso e Lunalva. Livros que guardo há 37 anos com muito carinho, afinal de contas, foram neles que fiz as primeiras viagens, sozinha, ao mundo da fantasia.
Por ter a experiência de ouvir histórias somente com sete anos de idade, conto e leio muito para minha filha e para meus alunos, principalmente, pois receio que ainda existam muitos pais como os meus que não têm o hábito de ler.
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